1.1 – INTRODUÇÃO AO ESTUDO

Pode-se afirmar que com o advento da modernidade, significando evolução dos processos sociais e modos de vida, tem o seu marco referencial na Revolução industrial ocorrida no final do século XVII e início do século XVIII. A industrialização continuada experimentada durante a Era Arcaica pôde ser sentida pelo homem especialmente na relação entre trabalho, economia e capital. Entretanto, fora desta esfera, a industrialização irradiava os seus efeitos para além das perspectivas quanto às formas de sobrevivência do homem comum e os seus modos de produção de bens materiais, que começavam a surgir.

O fenômeno da industrialização revolucionou a Humanidade ao produzir elementos para além das necessidades básicas do homem que, até então, nada tinha de exigente quanto aos potenciais estilos de vida estabelecidos. A industrialização transformou o homem e os seus costumes, oferecendo-lhes uma série quase infinita de possibilidades, e isso mudaria para sempre e completamente a sua forma de viver e de perceber o mundo. O reflexo disto tudo foi a reviravolta que se operou em todos os setores das sociedades: do modo de produção artesanal ao manufaturado; da exploração indiscriminada do trabalhador ao surgimento da divisão do trabalho, do alcance das ciências às relações sociais, econômicas e culturais.

Há nos livros divergência sobre quando se iniciou, precisamente, a modernidade. Entretanto, não sendo este o foco do estudo, seguir-se-á adiante sem maiores aprofundamentos. Antes, porém, cabe um esclarecimento necessário a respeito de que, para efeito deste estudo, ao tratar de tudo que é novo e atual será utilizado o termo contemporaneidade com vistas a designar, com mais propriedade, os elementos do presente no espaço e no tempo a que correspondem.

A modernidade trouxe para o homem, a ressignificação de si próprio em relação a tudo o que conhecia. Provocando profunda inquietação na sua maneira de agir em meio às formas de interação com as quais se deparava. Nesse contexto, o capitalismo, que surgiu como sistema econômico advindo dessas novas formas de interação provocadas pela revolução industrial passou a ditar a nova ordem mundial em relação a tudo e a todos que, com ele, se relacionava. Podendo-se mesmo afirmar que a modernidade, enquanto simbolização de tudo o que era fruto do progresso, girava em torno da esfera do novo sistema. Isto é, o capitalismo, enquanto sistema, regulava a disponibilização, a circulação e as formas de acesso ao conjunto de inovações surgidas à época.

A modernidade insere-se no contexto cultural, uma vez que a cultura, absorve a todas as inovações produzidas pelo homem em seus variados processos de interação e ao conjunto de comportamentos adjacentes. Disto decorre que, a inserção do tema propicia a construção de pontes para a assimilação dos contextos envolvendo, industrialização, capital e trabalho, assuntos dos quais este estudo trata mais especificamente. Dessa forma, para o desenrolar do estudo propriamente dito, far-se-á o percurso que parte da conceitualização do termo cultura até o vislumbre dos fatos por meio dos quais se formam a cultura organizacional em si mesma.

Na busca pela conceitualização do termo cultura, que retira sua origem do latim “colere“, tem-se que, em sua essência, cultura vem designar, contemporaneamente, os mecanismos através dos quais se desdobram, em sua totalidade, uma vasta gama de acepções, significados e percepções de uma realidade intrínseca aos processos de interação sociais, e ela vinculados de acordo com os padrões instituídos em comunidade, através das práticas humanas mais corriqueiras que, por sua vez, determinam o conjunto de conhecimentos, crenças, leis, costumes, produzidos pelo homem em comunidade.

Nesse contexto, resgatando-se o sentido original e, vinculando-se a ele, todo o peso que o tempo e os distintos momentos históricos se lhe ajuntaram, é possível inferir a sua amplitude para o uso que dele é feito na contemporaneidade, ou seja, nos dias de hoje. O significado de cultura, para o momento atual, possui um alcance tão extraordinário que sua complexidade não permite simplificações. O risco para tal circunstância será o de torná-lo superficial e esvaziá-lo de sentido em detrimento de séculos de história. Assim, procede-se neste estudo, um cuidado quase perfeccionista quanto à depuração do significado para efeito daquilo que aqui se pretende demonstrar.

De posse do significado de cultura, pode-se inferir, livremente, o conceito de cultura organizacional. Contudo, para melhor compreensão, tem-se que, uma organização empresarial, como fruto do processo de industrialização e da ascensão do capitalismo como sistema regulador da economia e das relações de mercado, é uma entidade criada para produzir e gerir processos inerentes à natureza capitalista, ou seja, para obter lucro e fornecer meios de subsistência às pessoas a ela integradas. Enquanto empresa, congrega pessoas e elementos que possam garantir a realização desses objetivos; como organização, busca aliar esses elementos à sua função social com vistas a interagir, também com a sociedade.

A cultura de uma organização empresarial gira em torno das crenças de seu fundador, juntamente com o objetivo de subsistência (lucro), aliados à missão (função social) da organização, ainda que esta não seja explícita.

Em síntese, como se demonstrará no capítulo segundo, a cultura organizacional de uma empresa é formada pela filosofia dos seus fundadores, somada ao conjunto de crenças e valores em função dos quais as pessoas (empregados) assumirão padrões de comportamentos, adicionados da práxis instituída. Essa mistura de elementos produzirá uma identidade em virtude da qual a empresa será reconhecida perante a sociedade.

Ao assumir cultura organizacional como a fusão de elementos oriundos da intersecção de universos variados que encontram suas limitações na subjetividade inerente à natureza humana, é possível entender o valor estratégico do tratamento dado à cultura organizacional nas empresas contemporâneas. Pessoas de universos e realidades distintas reúnem-se, num espaço específico, para, dentro de um dado contexto, produzir elementos que, simbolicamente, se encaixam num contexto de necessidade ou de carência para um grupo ou comunidade.

Esta é a linha de raciocínio, segundo a qual se pretende-se apropriar de um conhecimento mais puro sobre a cultura instituída nas organizações empresariais. Os componentes antropológicos necessários para a melhor compreensão do quadro serão tratados no capítulo segundo, da monografia.

A cultura organizacional é constituída de elementos que permitem compreendê-la e classificá-la de acordo com modelos testados e validados pelo empirismo científico dos estudiosos. Estes elementos, estruturados em níveis, classificam-se em artefatos e criações, valores e pressupostos básicos, nos quais cada categoria engloba componentes do seu domínio cognitivo.

Os artefatos dizem respeito ao conjunto de objetos materiais produzidos/adquiridos com vista ao desempenho das atividades cotidianas; os valores, aos fundamentos que determinam os tipos de comportamento através dos quais se expressa a orientação para aspectos da filosofia dos fundadores da organização; os pressupostos básicos, às relações com o ambiente e à natureza da realidade, perceptíveis através de crenças, rituais e cerimônias, histórias e mitos, tabus, heróis; etc.

Relativamente às tipologias da cultura organizacional, destaca-se a divisão global em dois grandes grupos: o grupo das organizações com fins lucrativos, que englobam todas as organizações empresariais; e o grupo das organizações sem fins lucrativos, no qual estão as ONGs, instituições filantrópicas, etc. Nesse caso, como este estudo se orienta para as organizações empresariais, serão apresentados apenas os tipos com ocorrência mais comum, concomitantemente àqueles que contribuirão mais para o enriquecimento deste estudo. Nesse sentido, para efeito da pesquisa, encontram-se aqui contemplados os tipos mais comumente observados na cultura organizacional por suas respectivas naturezas e conveniências.

O segundo capítulo, que trata do desenvolvimento de equipes, relaciona a fisiologia organizacional empresarial à performance laboral individual e coletiva. Com isto, pretende-se ressaltar a importância do alinhamento entre os valores do sujeito que disponibiliza sua força de trabalho e os da instituição a qual se vincula. Destaca, ainda, a importância de se investir em equipes como forma de aumentar a produtividade baseada em princípios de auto responsabilidade como viabilizadora da excelência nos processos criativo-operacionais. E, ainda, como forma de se obter o engajamento do trabalhador nos diversos aspectos do contexto laboral.

O estudo menciona a prerrogativa da organização em investir em equipes visando a evitar condições opressivas de trabalho e estimular a produtividade. Lança mão de três premissas, segundo as quais, fundamentam-se os pilares para a o atingimento de níveis elevados de comprometimento, realização e entrega. A primeira premissa, básica, aponta o respeito à pessoa humana como forma de valorização do trabalhador; a segunda, intermediária, relaciona a educação do trabalhador, no sentido de formação continuada, como forma de capacitá-lo para a execução do trabalho; a terceira, avançada, enfatiza o desenvolvimento do trabalhador, enquanto homem e pessoa, com vistas a proporcionar-lhe alcançar realizações superiores desempenhando as suas atribuições com excelência.

No terceiro capítulo, que aborda a metodologia da pesquisa, é traçado o perfil da FIEC, instituição em foco, considerando os elementos da cultura organizacional tratados no capítulo um. Procedimento por meio do qual, pretende-se verificar a validade das teorias tradicionais, que apregoam a materialização da cultura através dos símbolos de natureza concreta, como os artefatos, e de natureza subjetiva, como os pressupostos básicos, passíveis de serem captados somente através da penetração no conjunto de verdades tácitas existentes em cada organização.

Com base na reunião desses elementos será possível induzir a estrutura da organização através do conjunto de elementos sígnicos como artefatos, valores, crenças, costumes e leis que regem seu universo. Dispostos os elementos, sentam-se as bases para realização do estudo de campo no qual se dará aplicação de questionário com vistas a confirmar as informações sobre o estilo administrativo predominante e sua influência na formação de equipes no Sistema FIEC. O referido questionário foi elaborado com base nos sistemas administrativos de Rensis Likert (1903-1981), orientados para identificar, através de variáveis específicas, o modelo prevalente na instituição.

Por fim, a análise de resultados busca confirmar as informações teorizadas no conjunto desta obra com base no empirismo científico dos grandes estudiosos da área. Confirmação esta, que se dará por meio da compilação e cruzamento dos dados obtidos pelo questionário na forma de interpretações validadas pela aplicação do método científico.


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